quarta-feira, 1 de outubro de 2008

"Semana com bicho"

A Semana de 22 a 26 de Setembro intitulou-se “Semana com bicho”. Neste sentido, foram promovidas algumas actividades, relacionadas com a expressão plástica e com a leitura. A fábula por nós trabalhada foi a do “Mocho Cego”, uma vez que tinha a mais-valia de aludir ao valor da solidariedade. Para além de colorir desenhos relacionados com o tema trabalhado, as crianças também fizeram o seu papagaio. Tratou-se de uma actividade sobretudo de colagem e que deliciou todos os presentes.

A fábula acima referida, é transcrita de seguida, no caso de algum educador/ professor querer utilizá-la na sua sala de aula.


O Mocho Cego
Num bosque longínquo vivia um mocho cego. Ele tinha olhos, mas não conseguia ver nada do mundo que o rodeava.
Alguns animais do bosque, curiosos, perguntaram-lhe qual a razão da sua cegueira. Foi então que o mocho começou a contar uma das mais belas histórias do mundo.
- Escutem, amigos, há uns tempos atrás, neste bosque vivia uma família de esquilos muito unida e feliz. Mas um dia, o pai esquilo ficou muito doente e acabou por morrer. A mãe esquilo, agora viúva, teve que trabalhar arduamente para criar os seus dois queridos filhinhos.
Até que, certo dia, a sua filha mais velha decidiu sair da toca da família, com a intenção de começar a trabalhar num bosque longínquo. Ora, neste bosque acabou por casar-se e nunca mais voltou. O esquilo mais pequenino, seguindo o exemplo da irmã, fugiu da toca poucos dias depois. A mãe esquilo ficou tão triste, tão triste, que todos os dias saiam grandes gotas de água dos seus olhos. “Ao menos que volte o mais novinho” – pedia ela.
Mas a mãe não sabia que, algures no meio do bosque, o seu filhote estava perdido e esfomeado. Ele queria voltar a casa, mas à noite era tão difícil.
Mas, ao olhar o longe, distinguiu dois focos de luz, que o atraíam com uma força irresistível. E foi essa mesma luz que o guiou até ao seu lar. Só que, esgotadas de tanto brilhar, estas luzes apagaram-se para sempre. Era os meus olhos, amigos. – Explicou o mocho.
O mocho regou as suas últimas palavras com ardentes lágrimas, e a emoção apoderou-se de todos os ouvintes. A partir desse dia, o mocho tinha sempre por perto um amigo para contar-lhe o que se passava à sua volta. Assim, o mocho não via com os olhos, mas com o coração.

(in BUSQUETS, C. (1991). As 365 Melhores Fábulas de Sempre. Rio de Mouro: Girassol Edições)

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